Um vídeo gravado durante um culto realizado no último domingo (19), em São Paulo, está gerando grande repercussão nas redes sociais. O registro mostra o momento em que o pastor Bispo Baeta, líder da Igreja Família de Deus, chuta um bebê reborn levado por uma fiel que havia solicitado oração durante a celebração especial do Dia das Mães.
O episódio ocorreu diante dos fiéis e foi transmitido ao vivo pelas redes sociais da igreja. Inicialmente, o pastor parece confuso ao ver a mulher segurando o que aparentava ser um bebê real. Ao chamá-la ao púlpito, ele descobre que se tratava de uma boneca hiper-realista, conhecida como bebê reborn. A fiel explicou que havia levado o boneco simbolicamente para receber uma unção, em memória de um filho que perdeu.
Reação do pastor e justificativa teológica
Surpreso com a situação, Baeta retirou o boneco dos braços da mulher e, de maneira enérgica, o lançou ao chão com um chute. Em seguida, o pastor usou a Bíblia para alertar os fiéis sobre os perigos de práticas que, segundo ele, se aproximam da idolatria.
“Não é o objeto em si que é pecado, mas o ato de transferir afeto, devoção ou atribuir poder espiritual a algo que não tem vida é condenável. O Salmo 115 é claro sobre isso”, declarou Baeta durante o culto.
Entenda o que é um bebê reborn
Bebês reborn são bonecas feitas artesanalmente para se parecerem com recém-nascidos reais. Muito procuradas por colecionadores, elas também são utilizadas como ferramenta terapêutica, especialmente por mulheres que sofreram perdas gestacionais ou por pessoas em tratamento psicológico.
Repercussão nas redes sociais
Após o vídeo ser compartilhado no perfil oficial do pastor, milhares de internautas comentaram o episódio. Enquanto alguns apoiaram a postura firme do líder religioso, outros consideraram a atitude desrespeitosa e desnecessária.
“Independentemente da crença, aquilo era simbólico para a mulher. Não precisava de violência para transmitir uma mensagem”, comentou uma usuária no Instagram. Já outro internauta defendeu o pastor: “Ele está certo em repreender práticas que confundem fé com fetichismo”.
Para a psicóloga Ana Beatriz Duarte, o uso de bonecas reborn no contexto emocional não deve ser motivo de escárnio. “Muitas pessoas lidam com o luto ou traumas afetivos por meio dessas representações simbólicas. A compreensão e o respeito são fundamentais.”
Já o teólogo e professor Cláudio Ferreira afirma que o debate envolve nuances religiosas complexas. “Dentro da tradição cristã protestante, é comum a condenação de práticas que possam ser interpretadas como idolatria. Mas é preciso sabedoria pastoral para lidar com situações sensíveis.”