O prefeito de Igarapé Grande (MA), João Vitor Xavier (PDT), suspeito de matar o policial militar Geidson Thiago da Silva Santos, de 39 anos, se apresentou na tarde desta segunda-feira (7) à Delegacia Regional de Presidente Dutra, a cerca de 350 km de São Luís. Acompanhado de advogados, ele prestou depoimento e, após ser ouvido, foi liberado. O caso aconteceu na noite de domingo (6), durante uma vaquejada em Trizidela do Vale.
Segundo a Polícia Civil, a motivação do crime teria sido uma discussão por causa do farol do carro do prefeito. De acordo com o delegado Ricardo Aragão, superintendente de Polícia Civil do Interior, o policial estava em um bar dentro do evento quando se incomodou com a luz do carro de João Vitor, que estava estacionado com os faróis acesos na direção de onde o PM estava sentado.
Ainda segundo a investigação, o policial teria se levantado da mesa, ido até o veículo e pedido para que o farol fosse abaixado. Em seguida, retornou ao seu lugar. Pouco depois, o prefeito teria saído do carro, armado, se aproximado do PM e efetuado cinco disparos pelas costas. Após o crime, ele fugiu do local e ficou foragido por algumas horas.
Durante o depoimento, João Vitor alegou que agiu em legítima defesa. A arma utilizada no crime ainda não foi localizada. O prefeito afirmou à polícia que teria se desfazido dela. O delegado informou que está tentando negociar com a defesa para que o armamento seja entregue.
Como João Vitor se apresentou de forma espontânea, não houve prisão em flagrante. A Polícia Civil agora tem até dez dias para concluir o inquérito e avaliar se há elementos suficientes para solicitar a prisão preventiva. Por ocupar o cargo de prefeito, João Vitor Xavier tem foro privilegiado e só pode ser julgado por tribunais superiores.
O caso teve grande repercussão no estado e está sendo investigado pela 14ª Delegacia Regional de Pedreiras. Testemunhas do crime continuam sendo ouvidas, e imagens de câmeras de segurança da área também estão sendo analisadas.
Geidson Thiago, conhecido como soldado Santos, integrava o 19º Batalhão da Polícia Militar de Pedreiras desde 2018. Ele estava de folga no momento do crime. O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para exames periciais e depois liberado para a família.
João Vitor Xavier, de 27 anos, é sobrinho do ex-prefeito de Igarapé Grande e ex-presidente da Famem (Federação dos Municípios do Estado do Maranhão), Erlanio Xavier. Em sua declaração à Justiça Eleitoral em 2024, informou a ocupação de estudante, bolsista ou estagiário.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão lamentou a morte do policial e afirmou que as forças de segurança do estado seguem mobilizadas para esclarecer os fatos. A Famem também se manifestou, afirmando que acompanha o caso e confia nas instituições responsáveis pela apuração, ao mesmo tempo em que prestou solidariedade à família do militar.
A defesa do prefeito, representada pelo escritório Daniel Leite & Advogados Associados, declarou que os fatos ainda estão sendo apurados e que é prematuro qualquer julgamento neste momento. O advogado informou que João Vitor seguirá colaborando com as autoridades.