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Corpo de empresário desaparecido é encontrado enterrado no quintal da própria casa em Xinguara


O caso do desaparecimento do empresário e contador Victor Augusto da Rocha Arnaud, de 53 anos, que mobilizou Xinguara e cidades vizinhas desde o dia 30 de outubro, teve um desfecho dramático na tarde desta quinta-feira (13), quando o corpo dele foi encontrado enterrado no quintal da residência onde morava, na rua Lago de Melo, setor Marajoara II. A localização só foi possível depois que Gigliolla Sena Silva, ex-namorada de Victor e uma das suspeitas do crime, confessou participação e indicou o ponto exato onde havia escondido o corpo.

Equipes da Polícia Civil retornaram à casa após receberem as novas informações durante um interrogatório. Ao chegarem ao local, os investigadores isolaram toda a área externa da residência para preservar vestígios. Peritos do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves iniciaram os procedimentos técnicos, mapeando o quintal, registrando o terreno em fotografias e avaliando alterações recentes no solo. A cova onde o corpo estava havia sido coberta com terra solta, restos de entulho e galhos, o que dificultou a identificação visual nas primeiras buscas realizadas dias antes.

Durante os trabalhos de escavação, os peritos adotaram técnicas próprias para esse tipo de cenário, removendo camada por camada da terra para evitar danos ao corpo e a possíveis provas, analisando a profundidade da cova, a compactação do solo e a presença de ferramentas ou marcas que indicassem tentativa de ocultação. O Corpo de Bombeiros auxiliou na retirada dos restos mortais, que estavam em avançado estado de decomposição. O corpo foi embalado e levado ao Instituto Médico Legal de Marabá, onde será submetido a exames de necropsia que deverão revelar a causa da morte e o momento aproximado em que o crime ocorreu.


A confissão de Gigliolla acrescentou elementos considerados fundamentais para a investigação, que desde o início trabalhava com a suspeita de latrocínio. A mulher relatou parte da dinâmica do crime e apontou que a morte teria acontecido dentro da própria residência, antes de o corpo ser enterrado clandestinamente no quintal. Ela e o marido, Wanderson Silva Sousa, haviam sido presos no dia 7 de novembro em Estreito, no Maranhão, quando tentavam atravessar o rio Tocantins com o Jeep Renegade do empresário e levando consigo a filha de cinco anos da vítima.

O delegado Max Muller, responsável pelo inquérito, afirmou que a confissão e a descoberta do corpo confirmam a participação direta do casal. O delegado destacou que ainda não foi esclarecido o motivo que levou os dois a cometerem o crime, considerado brutal pela comunidade e que causou forte comoção em Xinguara. Laudos existentes apontam que a casa já apresentava sinais de possível violência, como lençóis e um colchão manchados de sangue, além de uma câmera de segurança encontrada caída e sem o cartão de memória.

Durante os dias em que Victor esteve desaparecido, mensagens suspeitas enviadas do celular dele para amigos também chamaram atenção. Um pedido de dinheiro feito no dia 4 de novembro destoou do comportamento habitual do empresário, que tinha estabilidade financeira e não costumava solicitar ajuda. Uma foto enviada no dia seguinte, mostrando um braço depilado, reforçou entre os amigos a possibilidade de que ele não estivesse mais vivo naquele momento. Essas atitudes contribuíram para apressar a investigação e fortalecer a suspeita sobre o casal.

Victor Arnaud era figura conhecida na cidade. Natural de outro estado, escolheu o Pará para construir sua vida profissional e familiar. Atuava como contador e era reconhecido por sua dedicação ao trabalho, pela convivência tranquila e pela relação próxima com a filha. Sua morte provocou grande repercussão entre moradores, clientes, amigos e colegas de profissão, que acompanharam com apreensão cada etapa das buscas e agora lamentam o desfecho violento.

A Polícia Civil aguarda os laudos do Instituto Médico Legal e do Centro de Perícias para concluir o inquérito, definir com precisão a dinâmica do crime e consolidar o pedido de conversão das prisões temporárias de Gigliolla e Wanderson em prisões preventivas. Enquanto isso, familiares organizam os trâmites para o sepultamento de Victor, que será realizado após a liberação do corpo.

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