Uma menina de 7 anos foi assassinada dentro de casa na manhã desta sexta-feira, 21 de novembro, na Cidade Estrutural, no Distrito Federal. A suspeita do crime é a própria madrasta, identificada como Iraci Bezerra dos Santos Cruz, de 43 anos, que se apresentou espontaneamente à 8ª Delegacia de Polícia após o homicídio. Segundo os investigadores, ela admitiu ter tirado a vida da criança utilizando um cinto para enforcá-la e, em seguida, suspender o corpo por meio de uma corda presa no interior da residência.
A mulher relatou aos policiais que estava sob efeito de bebida alcoólica e drogas quando cometeu o assassinato. Em depoimento inicial, afirmou que a motivação teria sido o fato de a menina ter dito que preferia morar com uma vizinha, o que, segundo a versão narrada por ela, desencadeou uma reação agressiva e desproporcional. A Polícia Civil ainda apura se houve outras situações anteriores envolvendo conflitos dentro da casa.
Após a confissão, equipes da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros foram ao endereço indicado e encontraram a criança sem vida, com marcas evidentes de estrangulamento. O corpo ainda estava pendurado pela corda utilizada depois do enforcamento com o cinto. A região rapidamente ficou tomada por moradores revoltados, e foi necessário acionar a Polícia Militar para conter a movimentação e evitar invasões ao imóvel.
O pai da vítima contou que a mulher vivia com ele e com a filha havia cerca de um ano. De acordo com o relato dado à delegada responsável, a convivência entre madrasta e enteada — na visão dele — era considerada "normal", sem episódios aparentes que indicassem risco ou comportamento violento. A Polícia Civil, porém, segue investigando o histórico familiar e possíveis sinais de agressão que possam ter passado despercebidos.
Durante a formalização do depoimento, os agentes descobriram que Iraci possuía um mandado de prisão em aberto no Estado do Pará, relacionado a um homicídio atribuído a ela contra um ex-companheiro. Ao ser questionada, a suspeita negou a participação no crime registrado naquele estado. Com esse novo fato, a investigação ganha ainda mais complexidade, pois pode indicar um histórico de violência anterior.
A corporação classificou o caso como feminicídio, com agravantes previstos na legislação penal: motivo fútil, execução por meio cruel, impossibilidade de defesa da vítima, relação de madrasta e o fato de a criança ter menos de 14 anos, o que aumenta a pena prevista. A aplicação da Lei Henry Borel — que endurece punições para crimes praticados contra menores — também será considerada.
A estimativa é que a pena chegue a até 40 anos de prisão caso todas as qualificadoras sejam confirmadas. Iraci foi transferida para a carceragem da Polícia Civil, onde aguardará audiência de custódia. A investigação segue em andamento para esclarecer a dinâmica completa do assassinato, eventuais antecedentes de agressões e o contexto familiar.
A tragédia gerou grande comoção na Estrutural. Moradores relataram choque com a violência, especialmente pela idade da vítima e pela brutalidade empregada no homicídio. A família deve ser ouvida novamente nos próximos dias, assim como outras pessoas próximas ao convívio da criança, para ajudar a esclarecer se havia sinais prévios de risco que não chegaram às autoridades.
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