A cantora, atriz, apresentadora e empresária Preta Gil morreu neste domingo, 20 de julho de 2025, aos 50 anos. Filha do cantor e compositor Gilberto Gil e de Sandra Gadelha, Preta enfrentava uma longa luta contra o câncer, que começou em 2023 com o diagnóstico de um adenocarcinoma no intestino. A artista estava nos Estados Unidos tentando tratamentos experimentais, mas não resistiu às complicações da doença.
Preta passou os últimos meses alternando entre tratamentos no Brasil e nos Estados Unidos. Após cirurgias, quimioterapia e radioterapia, ela chegou a anunciar que a doença estava em remissão. No entanto, em agosto de 2024, revelou que o câncer havia retornado com metástases, atingindo linfonodos, ureter e peritônio.
Determinação e coragem marcaram sua luta contra a doença, que ela compartilhou com o público de forma aberta. Ao receber o Prêmio Faz Diferença, do jornal O Globo, em 2024, Preta afirmou: “Sei que fiz a escolha certa em dividir com as pessoas as minhas vulnerabilidades e meus sofrimentos. Mas com a cabeça erguida, como sempre foi, desde o começo”.
Tratamento, últimos meses e agravamento no retorno ao Brasil
Em maio de 2025, a cantora viajou para os Estados Unidos em busca de terapias inovadoras. Passou por avaliações no Virginia Cancer Institute, em Washington, e no renomado Sloan Kettering Cancer Center, em Nova York. Amigos e familiares revezavam-se para acompanhá-la nesse período delicado. Preta chegou a compartilhar momentos do tratamento nas redes sociais com mensagens de esperança.
Ela também falou publicamente sobre o tratamento internacional durante uma participação no “Domingão com Huck”. “No Brasil, já fizemos tudo o que podíamos. Agora a minha chance de cura está no exterior, e é para lá que eu vou”, afirmou emocionada.
Nos últimos dias, a família organizava o retorno da artista ao Brasil, com a intenção de dar continuidade ao tratamento e garantir mais conforto ao lado de pessoas próximas. Contudo, segundo informações do portal Metrópoles, a cantora passou mal dentro da ambulância enquanto era levada para o aeroporto. Diante do agravamento do quadro, precisou ser levada de volta ao hospital, onde não resistiu.
Carreira e legado
Preta Gil iniciou sua carreira musical em 2003, com o álbum "Prêt-à-Porter", lançado quando seu pai era ministro da Cultura no governo Lula. A capa do disco, que trazia a cantora nua, causou polêmica e abriu portas para que ela se tornasse um símbolo da luta contra padrões estéticos e da aceitação do próprio corpo.
Em seguida, lançou os discos "Preta" e "Sou Como Sou", além dos DVDs "Noite Preta" e "Bloco da Preta". Sua trajetória foi marcada por músicas que misturavam pop, MPB, samba e funk, e pelo sucesso estrondoso do Bloco da Preta, que se tornou um dos maiores do carnaval do Rio de Janeiro e, anos depois, também foi levado a São Paulo.
Preta também deixou sua marca como apresentadora e atriz. Participou de novelas como “Caminhos do Coração” e “Os Mutantes” na Record, além das produções da Globo “As Cariocas” e “Cheias de Charme”. Atuou ainda nos filmes “Billi Pig”, “Crô em Família” e “Filho da Mãe”. Em 2017, fundou a agência Mynd, ao lado de Fátima Pissarra e Carlos Scappini, voltada para música, marketing de influência e entretenimento.
No meio LGBTQIA+, Preta sempre foi vista como referência, assumindo sua bissexualidade publicamente e defendendo as causas da diversidade e dos direitos humanos.
Vida pessoal e autobiografia
Preta foi casada com o ator Otávio Müller, com quem teve seu único filho, Francisco Gil. Também viveu relacionamentos com o mergulhador Carlos Henrique de Lima e com o personal trainer Rodrigo Godoy, de quem se separou em 2023 após descobrir uma traição enquanto estava em tratamento contra o câncer.
Em agosto de 2024, comemorou seus 50 anos com uma festa para 700 convidados, com shows de Ludmilla e Psirico. No mesmo período lançou sua autobiografia "Preta Gil: Os Primeiros 50", onde relatou a luta contra o câncer, a separação e suas reflexões sobre a vida e o preconceito que enfrentou.
A artista revelou episódios marcantes, como o acidente que matou seu irmão Pedro em 1990, e sua relação afetuosa com a madrinha Gal Costa, a quem sempre teve como inspiração. O livro também trouxe reflexões sobre a gordofobia e racismo sofridos ao longo da carreira.
Homenagens e despedida
Nas redes sociais, amigos, familiares e fãs lamentaram a morte precoce da cantora, que deixou um legado de irreverência, talento e luta. Francisco Gil, seu filho, já havia lhe prestado homenagens com músicas e declarações públicas sobre a força e inspiração que herdou da mãe.
Ainda não foram divulgadas informações sobre velório e sepultamento.
Preta Gil deixa sua marca na música, na cultura, no ativismo e nas causas sociais do Brasil, encerrando sua trajetória com a mesma coragem e autenticidade que sempre pautaram sua vida.
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