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Diálogo em celulares cita Estreito em suposto esquema de propina na Educação, aponta PF

A gente da Polícia Federal analisando o documento durante a operação em cidades do Maranhão

A cidade de Estreito, no sul do Maranhão, foi mencionada em diálogos encontrados nos celulares de investigados pela Polícia Federal durante a Operação Lei do Retorno, que apura um suposto esquema de desvio de recursos públicos da Educação no estado. Nos áudios e mensagens, os suspeitos se referiam às propinas pagas a servidores como “presentinho”, revelando detalhes do modus operandi do grupo.

Em um dos áudios analisados, dois intermediários discutem a necessidade de organizar “um pagamento de Estreito” antes de entregar o “presentinho” a uma secretária, dizendo:

“O que que teria que ter acontecido, um pagamento de Estreito pra quando a gente for levar o presentinho da secretária, entregar pra ela antes da reunião, entendeu? Pra quando chegar na reunião já tá totalmente no nosso lado.”

Para a PF, esse diálogo demonstra como funcionava o repasse de propina pela suposta organização criminosa, mostrando que o pagamento à empresa contratada pelo município de Estreito era uma condição para o repasse do “presentinho” à servidora. A corporação, no entanto, não confirma se a secretária mencionada era de Estreito ou de outro município onde os investigados também atuavam.

O caso integra um inquérito que investiga fraudes em licitações e contratos de materiais didáticos financiados com verbas da Educação. A Polícia Federal estima que o prejuízo causado pelo esquema alcance R$ 50 milhões em diferentes municípios maranhenses.

A investigação teve início em janeiro de 2022, após a apreensão de R$ 575 mil em espécie com dois intermediários ligados à rede criminosa. Durante a abordagem, eles não apresentaram justificativa convincente para a posse do dinheiro e apresentaram versões contraditórias, levantando suspeitas de lavagem de dinheiro. Os celulares apreendidos forneceram áudios e mensagens que detalham o funcionamento da operação.

Além de Estreito, outras cidades também foram mencionadas nos diálogos, incluindo Buriti Bravo, Caxias, Imperatriz, São João do Paraíso e Codó. Em Buriti Bravo, os áudios indicam negociações sobre valores de propina que não foram totalmente fechados, sugerindo divergências entre os intermediários. Em Caxias, as apurações chegaram ao então prefeito e atual secretário de Agricultura, Fábio Gentil, e à deputada estadual Daniella Meneses Jadão, apontados pela PF como beneficiários de propinas, embora ambos neguem envolvimento. Em Imperatriz e São João do Paraíso, a investigação aponta movimentações financeiras suspeitas ligadas a contratos de materiais didáticos, enquanto em Codó foram analisadas transferências de valores e contatos entre intermediários para garantir pagamentos a servidores. Esses detalhes mostram a amplitude estadual do suposto esquema.

A Operação Lei do Retorno foi deflagrada em agosto de 2025 e cumpriu quase 100 mandados de busca e apreensão, resultando na apreensão de carros, joias, dinheiro em espécie, cheques e outros bens. Os investigados podem responder por organização criminosa, corrupção, peculato, fraude em licitação e lavagem de dinheiro, crimes cujas penas somadas podem chegar a 52 anos de prisão.

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