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Em Xambioá, Lula critica Bolsonaro por obras paradas, mas TCU mostra que seu próprio governo acumula 11 mil obras inacabadas

Durante a inauguração da ponte que liga Xambioá (TO) a São Geraldo do Araguaia (PA), nesta terça-feira (18), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a atacar adversários políticos e acusou gestões anteriores de deixarem obras paralisadas pelo país. No entanto, os dados oficiais do Tribunal de Contas da União mostram que o próprio governo Lula enfrenta um cenário ainda mais grave, com milhares de projetos interrompidos em todo o território nacional.

Na cerimônia, Lula afirmou que o Brasil “paga caro pela irresponsabilidade” de presidentes que não dão continuidade às obras dos seus antecessores. A frase, direcionada ao ex-presidente Jair Bolsonaro, foi usada para reforçar a narrativa de que sua gestão estaria retomando obras abandonadas. No entanto, a realidade apresentada pelos órgãos de controle aponta outra situação.

Segundo o Painel de Obras Paralisadas do TCU, atualizado em abril de 2025, o país possui 22 mil obras mapeadas, das quais 11 mil estão inacabadas, muitas delas sem previsão de retomada. O tribunal destaca ainda que 5.500 obras foram iniciadas entre abril de 2024 e abril de 2025, já no atual governo, e que 1.200 dessas novas obras estão paralisadas, o equivalente a 22% do total, indicando que a interrupção continua sendo um problema crescente na atual gestão.

Os dados revelam que as áreas mais afetadas são educação e saúde, que concentram 70% das paralisações, afetando creches, escolas, postos de saúde e unidades de atendimento que deveriam estar funcionando para atender a população. Além disso, o TCU afirma que R$ 15,9 bilhões já foram investidos em projetos que continuam sem conclusão, gerando desperdício de recursos públicos.

A contradição entre o discurso de Lula e a realidade fiscalizada pelos órgãos de controle chama atenção especialmente porque, durante o evento em Xambioá, o presidente responsabilizou Bolsonaro pela demora na conclusão da ponte sobre o rio Araguaia. No entanto, documentos oficiais mostram que a estrutura teve ordem de serviço assinada em 2020, no governo Bolsonaro, e alcançou mais de 80% de execução ainda em 2022. Os principais atrasos ocorreram justamente na atual gestão, durante a fase de acessos e cabeceiras.

A obra, inaugurada nesta terça-feira, já está liberada para o tráfego. O evento foi marcado pela presença de autoridades, empresários e moradores da região, mas também por críticas da população e questionamentos sobre a demora na entrega final da estrutura e sobre a situação das milhares de obras federais que continuam paradas no país.

Enquanto o governo cria uma narrativa de retomada, os números do TCU mostram que o problema não apenas persiste, como também se agravou em setores essenciais. 


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