Na tarde desta segunda-feira (17), a BR-153 foi totalmente bloqueada dentro da Terra Indígena Sororó, no sudeste do Pará, a menos de um dia antes da cerimônia de inauguração da ponte Xambioá–São Geraldo do Araguaia, prevista para esta terça-feira (18), às 10h, na orla de Xambioá (TO). A estrutura cruza o rio Araguaia e estabelece ligação permanente entre Tocantins e Pará. Integrantes do povo Suruí Aikewára fecharam o tráfego nos dois sentidos e divulgaram uma nota pública afirmando que a interrupção será mantida por tempo indeterminado.
O bloqueio foi realizado com toras de madeira em dois pontos diferentes da rodovia. Apenas ambulâncias e pessoas em situação de emergência médica conseguiram passar. Até uma viatura da Polícia Militar ficou impedida de seguir viagem. A Polícia Rodoviária Federal acompanhou a manifestação, mas não conseguiu garantir a liberação do fluxo. Filas enormes se formaram nos dois sentidos da rodovia.
Os indígenas exigem a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do ministro dos Transportes, do diretor-geral do DNIT, de representantes da Funai, do Ministério dos Povos Indígenas e do Ministério Público Federal. Segundo o grupo, é necessário discutir os impactos que, de acordo com eles, serão ampliados dentro da Terra Indígena Sororó após a liberação da nova ponte, aguardada há décadas pela população da região.
A BR-153 corta toda a extensão da Terra Indígena Sororó, onde vivem oito aldeias da etnia Suruí Aikewára, que reúnem cerca de mil pessoas. Os caciques afirmam que, desde a abertura da rodovia pelo Exército na década de 1980 e da pavimentação nos anos 1990, nunca houve indenização ou compensação ambiental. Eles destacam que a inauguração da ponte deve triplicar o fluxo de veículos no trecho, ampliando os impactos dentro do território indígena.
O documento publicado pelos líderes também aponta que a estrada, chamada de “OP2”, foi construída durante o período da Guerrilha do Araguaia sem consulta ao povo Suruí Aikewára.
O bloqueio ocorre justamente na véspera da cerimônia oficial que contará com a presença do presidente Lula. Como a BR-153 é a principal via de acesso ao local do evento, a interdição pode dificultar o deslocamento de autoridades, equipes técnicas e moradores do Pará.
A rodovia foi liberada ainda na terça-feira, 18, conforme informações repassadas posteriormente.