Um caso grave registrado em Salvador está sendo investigado após um homem de 38 anos passar 15 dias com ereção contínua provocada pelo uso de Tadalafila, medicamento indicado para disfunção erétil. A situação evoluiu para necrose do tecido peniano, resultando na necessidade de uma cirurgia de emergência para remoção completa do pênis e da próstata.
A vítima, identificada como Leandro, possui deficiência intelectual e teria recebido o comprimido de homens que costumam circular em uma praça próxima à residência onde vive com a mãe. Segundo relato da família, ele ingeriu a substância sem qualquer tipo de orientação médica.
Preocupada com o quadro do filho, a mãe tentou acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), mas, na primeira ligação, foi informada de que não havia ambulâncias disponíveis. Como alternativa, recebeu a recomendação de aplicar gelo no órgão genital, o que não surtiu efeito.
Apenas após uma nova tentativa de contato, o atendimento foi realizado. A equipe constatou que o quadro já era irreversível: havia necrose na genitália e comprometimento da próstata, exigindo a remoção dos dois órgãos.
A polícia investiga o caso como lesão corporal grave, já que o medicamento foi entregue por terceiros e seu uso sem prescrição resultou em consequências irreparáveis.
O que pode ter causado esse quadro tão grave?
Segundo especialistas, o caso configura um quadro clássico de priapismo, uma ereção prolongada e geralmente dolorosa sem estímulo sexual. A condição pode ser desencadeada pelo uso indevido de medicamentos como a Tadalafila, que aumenta o fluxo de sangue na região genital. Quando a ereção não é interrompida a tempo, o sangue preso no pênis deixa de ser oxigenado, levando à morte do tecido (necrose) e, em casos extremos, à amputação.
O priapismo é considerado uma emergência médica e precisa de atendimento rápido. Nas primeiras horas, pode ser tratado com aplicação de gelo, uso de medicamentos vasoconstritores ou drenagem do sangue acumulado. Quando o socorro não é feito de forma imediata, os danos podem se tornar irreversíveis, como ocorreu neste caso.
Além do uso indevido da Tadalafila, outros fatores podem ter agravado a situação, como a vulnerabilidade física da vítima, possível interação com outras substâncias, ou até a suspeita de que o produto utilizado fosse falsificado. Medicamentos vendidos fora das farmácias e sem receita médica podem conter substâncias irregulares ou dosagens alteradas.